Resumo do Projeto Make America Great Again (MAGA), dos EUA



 

Resumo Narrativo Cronológico: 

O Projeto: Como a Extrema Direita Está Transformando os Estados Unidos, de David A. Graham



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Resumo Narrativo Cronológico: O Projeto: Como a Extrema Direita Está Transformando os Estados Unidos, de David A. Graham

Visão de Conjunto

O livro O Projeto: Como a Extrema Direita Está Transformando os Estados Unidos, de David A. Graham, aborda a ascensão e as implicações do Projeto 2025 — um plano detalhado e abrangente elaborado pelo think tank conservador Heritage Foundation e seus aliados. O objetivo é estruturar um segundo mandato para Donald Trump e promover uma transformação radical no governo e na sociedade norte-americana.

O texto se organiza em duas partes principais:
Seção I – Os métodos e os meios, que detalha a estratégia para tomar o controle do Poder Executivo; e
Seção II – Os objetivos, que descreve as propostas radicais nas áreas de gênero, família, direitos, imigração, economia, energia e política externa.

O tema central é que o Projeto 2025 representa uma abordagem conscientemente radical e pós-constitucional, que busca minar os freios e contrapesos da democracia americana, estabelecendo uma “presidência imperial” e uma nação “nacionalista-cristã”.


Prefácio – Celso Rocha de Barros

O prefácio, escrito por Celso Rocha de Barros, estabelece um tom de urgência. Ele afirma que a rapidez das ações de Donald Trump em um possível segundo mandato não seria surpresa, pois havia um plano: o Projeto 2025.

Elaborado pela Heritage Foundation sob a liderança de Russell Vought e Paul Dans, o plano propõe medidas extremistas para criar uma presidência imperial. Os autores acreditam que o primeiro mandato de Trump foi “sabotado” pelo Judiciário, pelo funcionalismo público e pelos limites democráticos.

O objetivo seria desmantelar instituições independentes do Estado, como agências reguladoras, o FBI e o Judiciário. Não se trata de uma reforma por eficiência, mas de um esforço para obrigar todo funcionário público a seguir ordens presidenciais, substituindo servidores de carreira por indicações políticas e instaurando um funcionalismo “traumatizado”.

Rocha de Barros argumenta que o desmonte desses limites sugere que Trump não pretende perder eleições novamente, o que só seria possível destruindo a democracia.

O prefácio também destaca a hostilidade do Projeto 2025 às Big Techs, defendendo o fim das políticas de combate a fake news e de regulação de discurso de ódio, para “inundar o espaço público com desinformação”.

O plano defende uma visão “nacionalista-cristã”, que, segundo Barros, é enganosa: o nacionalismo e o fundamentalismo religioso combinam-se para criar divisões e hierarquias entre cidadãos, discriminando minorias e imigrantes.

As propostas incluem substituir a educação pública por ensino religioso ou doméstico, proibir o aborto, discriminar pessoas LGBTQIAPN+, promover perseguições ideológicas nas universidades, intimidar a imprensa, expulsar imigrantes e combater a diversidade cultural.

O prefácio conclui que o mérito do livro é mostrar que cada ação de Trump integra um projeto deliberado com objetivos autoritários claros — o que torna o Projeto 2025 uma prova incriminadora contra a democracia.


Introdução

Após a derrota de Trump em 2020 e o ataque ao Capitólio, seus aliados criaram uma narrativa alternativa: Trump não falhou, foi sabotado.
Paul Dans, Russell Vought e Kevin D. Roberts acreditavam que a única forma de instaurar a nação cristã e de direita desejada seria por meio de um assalto planejado ao governo americano.

Sob a tutela da Heritage Foundation, criaram o Projeto 2025, com quatro pilares:

  1. Uma plataforma política detalhada;

  2. Um banco de dados de candidatos a cargos públicos;

  3. Cursos de formação para aspirantes a servidores;

  4. Um manual para assumir o governo de forma rápida e total (“estilo Blitzkrieg”).

Roberts, presidente da Heritage, declarou quatro metas:

  1. Restaurar a família;

  2. Desmantelar o Estado administrativo;

  3. Defender a soberania, as fronteiras e a prosperidade;

  4. Garantir direitos individuais “dados por Deus”.

Na prática, o plano ampliaria o poder presidencial, permitindo nomeações políticas em massa, demissões arbitrárias, submissão do Departamento de Justiça e enfraquecimento das agências e do Congresso.

Os autores descrevem a esquerda como organizada e conspiratória, afirmando que o país estaria nos “estágios finais de uma tomada marxista”. Essa retórica ecoa o artigo “The Flight 93 Election” (2016), de Michael Anton, que defendia ações drásticas para salvar a direita americana.

Mesmo que Trump tenha declarado não ter lido o plano e o considerado “terrível”, o Projeto 2025 foi amplamente integrado ao trumpismo — três quartos de seus autores serviram no primeiro governo.

Relatórios mostram que 37 das 47 primeiras ações executivas de Trump em um segundo mandato estariam alinhadas, total ou parcialmente, às recomendações do Projeto 2025.


Seção I – Os métodos e os meios

O Projeto 2025 é caracterizado por seu minucioso esquema de execução. Inspirado em um manual da Heritage de 1980, que guiou o governo Reagan, ele vai além: cria uma estrutura paralela de governo pronta para assumir desde o primeiro dia.

Principais figuras:

  • Paul Dans: Diretor do Projeto 2025, ex-chefe do Escritório de Pessoal Presidencial (PPO) de Trump. Defende substituir servidores públicos por nomeados ideológicos.

  • Russell Vought: Ex-diretor de orçamento da Casa Branca e principal teórico do plano. Nacionalista cristão convicto, acredita que os EUA vivem um “momento pós-constitucional”.

Objetivo: concentrar poder no Executivo, enfraquecendo o Congresso e o funcionalismo.

O plano propõe o uso agressivo do bloqueio de verbas (impoundment) para driblar o Congresso e dar controle total ao presidente sobre os gastos públicos.

A meta é:

  1. Preparar indicados leais ao movimento MAGA;

  2. Converter cargos de carreira em nomeações políticas;

  3. “Traumatizar” os servidores para garantir obediência.

Para isso, a Heritage criou um banco com 10 mil nomes e cursos de treinamento.

O plano também reativaria o Anexo F, permitindo reclassificar até 50 mil cargos e demitir servidores à vontade — desmantelando o serviço público profissional.

O Departamento de Justiça seria convertido em instrumento político, com o FBI subordinado ao procurador-geral, eliminando sua independência histórica.


Seção II – Os objetivos

1. Gênero, família e direitos

O plano imagina um país sem aborto, com rígidos papéis de gênero e escolas religiosas.
Aborto: proibição total, fim da telemedicina e dos medicamentos abortivos, corte de verbas à Planned Parenthood e vigilância sobre estados.
Família: incentivo exclusivo a casais heterossexuais; uso de igrejas como ferramentas de orientação familiar.
Direitos LGBTQIAPN+: extinção de proteções legais e redefinição de “sexo” como “biológico”.
Educação: substituição da escola pública por vouchers para ensino privado ou religioso e extinção do Departamento de Educação.
Saúde: privatização do Medicare, redução do Medicaid e limitação do papel dos CDCs.
Raça: fim das políticas de diversidade e inclusão; o Departamento de Justiça processaria empresas e entidades que adotem ações afirmativas.


2. Imigração e segurança nas fronteiras

O plano trata a imigração como ameaça existencial:

  • Criação de um órgão central de controle de fronteiras;

  • Expulsão em massa de imigrantes, inclusive legais;

  • Uso das Forças Armadas em ações internas;

  • Condicionamento de verbas federais à cooperação de governos locais com deportações.


3. Economia e comércio

Divide-se entre o conservadorismo econômico tradicional e o protecionismo trumpista.

  • Impostos: redução drástica e simplificação; favorecimento dos mais ricos; adoção futura de imposto sobre consumo.

  • Comércio: tarifas pesadas contra a China.

  • Trabalho: enfraquecimento de sindicatos e flexibilização de leis trabalhistas, inclusive para o trabalho infantil.

  • Programas sociais: cortes em benefícios, exigência de trabalho e transferência de programas assistenciais para o Departamento de Saúde, reduzindo o alcance federal.


4. Meio ambiente e energia

Nega a gravidade das mudanças climáticas e prioriza combustíveis fósseis.

  • Fim de órgãos e programas ambientais, como a NOAA e o Escritório de Política Climática.

  • Revogação das leis de infraestrutura verde de Biden.

  • Fortalecimento do petróleo, gás e energia nuclear.


5. Política externa e defesa

Visa duas frentes: conter a China e “purificar” as Forças Armadas e a diplomacia de ideias progressistas.

  • Expurgo ideológico em órgãos como o Pentágono e o Departamento de Estado;

  • Eliminação de programas de diversidade;

  • Reforço militar e aumento do arsenal nuclear;

  • Redução da presença militar na Europa para concentrar esforços contra a China.


Posfácio à Edição Brasileira

David A. Graham alerta que o impacto do Projeto 2025 será global.
Sua implementação reduziria o papel dos EUA na segurança e na economia mundial, intensificando uma nova Guerra Fria.
Além disso, serviria como modelo para movimentos de extrema direita em outros países — incluindo o Brasil —, já que líderes populistas de direita frequentemente compartilham estratégias e ideologias.

O autor conclui que o mundo deve observar atentamente o que Trump conseguir realizar, para aprender a resistir ao avanço do autoritarismo global.



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