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3 de mar. de 2023

LIVRO RECONTA HISTÓRIA DAS CRUZADAS EM 'OUTRO LADO' POUCO HONROSO PARA CRISTÃOS! (Folha de SP, 02)

 

LIVRO RECONTA HISTÓRIA DAS CRUZADAS EM 'OUTRO LADO' POUCO HONROSO PARA CRISTÃOS!

(Folha de SP, 02) Entremos no túnel do tempo. Em 1099, parte dos 35 mil cristãos que atravessaram um bom pedaço da Europa e da Ásia Menor se apoderou de Jerusalém, em desfecho da Primeira Cruzada.

Passaram-se 192 anos até que, em 1291, o sultão Khalil derrotou os cristãos na cidade de Acre, na Galileia, hoje em dia situada em Israel. O fato é que a historiografia sobre as Cruzadas deu um salto qualitativo em 1983, quando o historiador franco-libanês Amin Maalouf publicou em Paris o livro "As Cruzadas Vistas Pelos Árabes", agora novamente publicado no Brasil pelo Grupo Autêntica.

Maalouf despertou a curiosidade de historiadores árabes, e ao menos meia dúzia deles publicou nos últimos anos pesquisas sobre "o outro lado" da história dessa longa aventura medieval.

Esse "outro lado" é pouco honroso para os cristãos. Em vez de peregrinos angelicalmente empenhados em libertar o túmulo de Cristo do poder muçulmano, há uma guerra que vitimou não só curdos, turcos, berberes e árabes, mas também judeus e cristãos que não deviam obediência ao papa do Ocidente.

O tópico mais doloroso para a imagem dos cruzados está na antropofagia praticada em Maarate, conquistada depois que eles tomaram as cidades de Niceia e Antioquia. Maalouf apela excepcionalmente ao testemunho de cronistas cristãos para abordar a delicada prática. Trata-se em primeiro lugar de Albert Aquisgran, para quem, em razão da fome, "os nossos" foram obrigados a comer a carne dos sarracenos.

Outro cristão mencionado, Raoul de Caen, cita cadáveres de árabes adultos cozidos em imensas marmitas e de crianças sendo assadas no espeto. Alguns historiadores ocidentais dizem haver no relato um proposital exagero, já que a narrativa de antropofagia era usada pelos cristãos para aterrorizar os espiões que dirigentes árabes colocavam dentro dos muros das cidades conquistadas.

Dizem também que a antropofagia chegou a ser praticada, mas com árabes já mortos. Não os mataram para em seguida comê-los. Mais uma vez, o consumo de carne humana, ao ser colocada em relevo pelo historiador franco-libanês, machucou a reputação dos cristãos. Aliás, é curiosa a maneira fria e quase objetiva com que os cronistas árabes, contemporâneos às Cruzadas, referem-se aos cristãos. Eles são tratados como francos ou invasores, jamais como ímpios ou qualquer adjetivo que calunie a crença religiosa. É o caso dos cronistas Ibn al-Qalanissi e Ibn al-Athir, entre os citados por Masalouf.

Eles narram um confronto lento, em que a tecnologia militar não tinha ainda a pólvora dos canhões, e as cidades muradas eram ameaçadas por guerreiros que construíam torres de madeira para praticar a invasão. Os arqueiros reagiam a partir da muralha com flechas incandescentes sobre as torres inimigas. Estas, para não queimar, eram revestidas de peles de animais embebidas em vinagre.

Bem mais selvagem foi a conquista de Jerusalém, onde os judeus se uniram aos árabes para defender a cidade. Com os cristãos já dentro dos muros, eles cercaram a judiaria e derrubaram sua proteção.

"A comunidade inteira, reproduzindo um gesto ancestral, se reuniu na sinagoga principal para rezar. Os francos [cristãos] bloquearam todas as saídas e, empilhando toras de madeira, atearam fogo ao local. Os que tentavam sair eram mortos nas ruelas vizinhas. Os demais, queimados vivos."

Se os judeus foram vítimas secundárias, eram obviamente os árabes os grandes inimigos dos cruzados, até que um vizir de desempenho político e militar excepcional modifica o cenário. Foi Saladino (1138-1193) que unificou o Egito à Síria e reconquistou Jerusalém para os muçulmanos em 1187, na batalha de Hatim. Detalhe: Saladino liberou a passagem de peregrinos que quisessem visitar o Santo Sepulcro, e com isso neutralizou o motivo inicial para o surgimento das cruzadas.

Mas em momento algum prevaleceu o conformismo para um convívio aceitável entre cristãos e muçulmanos. A regra foi a do confronto e muito sangue. Ainda no século 12, uma década após Jerusalém, os cristãos conquistaram Trípoli e Beirute. Apoderaram-se também de Tiro, mas são esmagados em Sarmada e não conseguem conquistar Damasco, cuja segunda tentativa de controle termina com a derrota dos cristãos chefiados pelo imperador germânico Conrado e pelo rei francês Luís 7º, em 1148.

Vejam que as Cruzadas passaram a envolver monarcas após um início em que mobilizavam só a grande nobreza, como Raymond de Saint-Gilles, o conde de Toulouse, ou Tancredo de Hauteville, da família dos príncipes normandos. Pois outras cabeças coroadas se envolveram, como o rei inglês Ricardo Coração de Leão e outro rei francês, Luís 9º.

Créditos Ex-Blog do Cesar Maia

24 de fev. de 2023

Combate à fome é tema de Campanha da Fraternidade da CNBB - Papa Francisco emite mensagem "reflexão leve a consciência de que partilha dos dons deve ser atitude constante" - créditos CNBB

Combate à fome é tema de Campanha da Fraternidade da CNBB;

Papa Francisco emite mensagem "reflexão leve a consciência de que partilha dos dons deve ser atitude constante" - créditos CNBB.

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CF 2023: REFLEXÃO LEVE A CONSCIÊNCIA DE QUE PARTILHA DOS DONS DEVE SER ATITUDE CONSTANTE



O Papa Francisco enviou sua mensagem ao Brasil por ocasião da Campanha da Fraternidade 2023. Seu desejo expresso no texto é que a reflexão sobre o tema da fome, proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aos católicos brasileiros no Tempo da Quaresma, seja “uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome“. 

A intenção é que essa reflexão gere em todos, diz o Papa, “a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais”.

Na mensagem, o Papa recorda o convite que Deus faz a trilhar um “caminho de verdadeira e sincera conversão” e que a proposta da Campanha da Fraternidade tem o intuito de animar o povo fiel “nesse itinerário ao encontro do Senhor”, com a a proposta de voltar o olhar para os mais necessitados, “afetados pelo flagelo da fome”.

“Ainda hoje, ‘milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável”, disse o Papa, recordando um discurso aos Movimentos Populares, em 2014.

“A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer têm com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos”, afirma o Papa.

Reflexos da Campanha

Francisco desejou também que a conscientização pessoal ressoe “em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome”.

 

Veja o vídeo:

Confira o texto na íntegra: 

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Todos os anos, no tempo da Quaresma, somos chamados por Deus a trilhar um caminho de verdadeira e sincera conversão, redirecionando toda a nossa vida para Ele, que “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Ao preparar-nos para a celebração dessa entrega amorosa na Páscoa, encontramos na oração, na esmola e no jejum, vividos de modo mais intenso durante este tempo, práticas penitenciais que nos ajudam a colaborar com a ação do Espirito Santo, autor da nossa  santificação.

Com o intuito de animar o povo fiel nesse itinerário ao encontro do Senhor, a Campanha da Fraternidade deste ano propõe que voltemos o nosso olhar para os nossos irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável” (Discurso no encontro com os Movimentos Populares, 28/X/2014)

 A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer tem com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos: eu estava com fome, e me destes de comer… todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 35.40). 

É meu grande desejo que a reflexão sobre o tema da fome, proposta aos católicos brasileiros durante o tempo quaresmal que se aproxima, leve não somente a ações concretas – sem dúvida, necessárias – que venham de modo emergencial em auxilio dos irmãos mais necessitados, mas também gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome. 

Desejo igualmente que esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Lembremo-nos de que “aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós. Por isso, merecem que uma mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania” (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/X/2018, n. 7) .

Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial aqueles que se empenham incansavelmente para que ninguém passe fome, a Benção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 21 de dezembro de 2022.

Franciscus

 Créditos CNBB 




13 de fev. de 2016

21 de out. de 2015

Papa Francisco estaria com câncer no cérebro. Vaticano desmente.

Papa Francisco saúda os fiéis durante celebração na Praça de São Pedro, no Vaticano
Papa Francisco supostamente estaria com câncer. Foto EFE
O Porta voz do Vaticano, Federico Lombardi desmentiu nesta quarta, a notícia de que o papa Francisco teria um câncer no cérebro, conforme publicação de hoje (21) nos jornais italianos do grupo Quotidiano Nazionale. Leia matéria





27 de abr. de 2014

Os escândalos que assombram a canonização de João Paulo II


Arquivo
Pinochet e Papa João Paulo II



Vítimas, que vítimas? – perguntou o cardeal Velasio de Paolis. E acrescentou: “Não são apenas estas vítimas”. Depois houve um silêncio de corpo e alma e o olhar um tanto perdido do superior geral dos Legionários de Cristo, nomeado em 2010 para esse cargo pelo então papa Joseph Ratzinger. À pergunta de de Paolis se seguiu uma resposta: as vítimas não eram só os milhares de menores que sofreram com os apetites sexuais das batinas hipócritas, mas também o próprio Vaticano. As vítimas não eram unicamente os menores ou adultos abusados e violentados pelo padre Marcial Maciel, o fundador dessa indústria dos atentados sexuais que foi, durante seu mandato, o grupo dos Legionários de Cristo. A vítima era a Santa Sé, que foi “enganada”.


João Paulo II, o papa que, entre outros horrores, promoveu e encobriu pedófilos e violadores da Igreja, recebeu, ao mesmo tempo em que João XXIII, a canonização. Para além do espetáculo obsceno montado para esta ocasião, dos milhares de fieis na Praça de São Pedro, dos três satélites suplementares para transmitir o ato, para além da fé de muita gente, a canonização do papa polonês é uma aberração e um ultraje para qualquer cristão do planeta. Declarar santo a Karol Wojtyla é se esquecer do escandaloso catálogo de pecados terrestres que pesam sobre este papa: amparo dos pedófilos, pactos e acordos com ditaduras assassinas, corrupção, suicídios jamais esclarecidos, associações com a máfia, montagem de um sistema bancário paralelo para financiar as obsessões políticas de João Paulo II – a luta contra o comunismo -, perseguição implacável das correntes progressistas da Igreja, em especial a da América Latina, ou seja, a frondosa e renovadora Teologia da Libertação.



O “vítimas, que vítimas?” pronunciado em Roma pelo cardeal Velasio de Paolis encobre toda a impunidade e a continuidade ainda arraigada no seio da Igreja. Jurista e especialista em Direito Canônico, De Paolis fazia parte da Congregação para a Doutrina da Fé na época em que – anos 80 – se acumulavam as denúncias contra Marcial Maciel. No entanto, foi ele quem firmou a segunda absolvição do sacerdote mexicano. O ex-padre mexicano Alberto Athié contou à Carta Maior como Maciel sabia distribuir dinheiro e favores para comprar o silêncio das hierarquias. Athié renunciou em 2000 ao sacerdócio e se dedicou à investigação e denúncia dos abusos sexuais cometidos por clérigos e organizações.



O destino de Maciel foi selado por Bento XVI a partir de 2005. Em 2004, antes da morte de Karol Wojtyla, Maciel foi honrado no Vaticano. Neste mesmo ano, Ratzinger reabriu as investigações contra os Legionários. O dossiê Maciel havia sido bloqueado em 1999 por João Paulo II e mantido invisível por outra das figuras mais soturnas da cúria romana, Angelo Sodano, o ex-secretário de Estado de Giovanni Paolo. Sodano é uma pérola digna de figurar em um curso de manobras sujas. Decano do Colégio de Cardeais, ele tinha negócios com os Legionários de Cristo. Um sobrinho dele foi um dos assessores nomeados por Maciel para construir a universidade que os legionários de Cristo têm em Roma, a Universidade Pontífica Regina Apostolorum.



Sodano, que foi o número dois de Juan Paulo II durante quase 15 anos, tinha um inimigo interno, Joseph Ratzinger, um clube de simpatias exteriores cujos dois membros mais eminentes eram o ditador Augusto Pinochet e o violador Marcial Maciel. Sodano e Ratzinger travaram uma batalha sem tréguas: o primeiro para proteger os pedófilos, o segundo para condená-los. Em 2004, Ratzinger obrigou Maciel a se demitir e a se retirar da vida pública. Dois anos depois, já como Bento XVI, o papa o suspendeu “a divinis”. As investigações reabertas por Ratzinger demonstraram que Maciel era um pederasta, tinha duas mulheres, três filhos, várias identidades diferentes e manejava fundos milionários.
As denúncias prévias nunca haviam passado o paredão levantado por Sodano e o hoje Santo João Paulo. A carreira de Sodano é uma síntese do Papado de Karol Wojtyla, onde se mesclam os interesses políticos, as visões ideológicas ultraconservadoras, a corrupção e as manipulações. Angelo Sodano foi Núncio no Chile durante a ditadura de Pinochet. Manteve uma relação amistosa com o ditador e isso permitiu que organizasse a visita que João Paulo II fez ao Chile em 1987. Seu irmão Alessandro foi condenado por corrupção após a operação Mãos Limpas. Seu sobrinho Andrea teve a mesma sorte nos Estados Unidos. O FBI descobriu que Andrea e um sócio se dedicavam a comprar – mediante informação privilegiada – por um punhado de dólares as propriedades imobiliárias das dioceses dos Estados Unidos que estavam em bancarrota devido aos escândalos de pedofilia.



Mas o mundo sucumbiu ao grito de “santo súbito” que reclamava a canonização de um homem que presidiu os destinos da Igreja em seu momento mais infame e corrupto. O papa “viajante”, o papa “amável”, o papa “dos jovens”, era um impostor ortodoxo que deixou desprotegidas as vítimas dos abusos sexuais e os próprios pastores da Igreja quando estes estiveram com suas vidas ameaçadas.
Sua visão e suas necessidades estratégicas sempre se opuseram às humanas. Na trama desta história também há muito sangue, e não só de banqueiros mafiosos como Roberto Calvi ou Michele Sindona, com quem João Paulo II se associou para alimentar com fundos secretos os cofres do IOR (Banco do Vaticano), fundos que serviram para financiar a luta contra o comunismo no leste europeu e contra  a Teologia da Libertação na América Latina.



João Paulo II deixou desprotegidos os padres que encarnavam, na América Latina, a opção pelos pobres frente às ditaduras criminosas e seus aliados das burguesias nacionais. Em 2011, cinquenta destacados teólogos da Alemanha assinaram uma carta contra a beatificação de João Paulo II por não ter apoiado o arcebispo salvadorenho Óscar Arnulfo Romero, assassinado em 24 de março de 1980 por um comando paramilitar da extrema-direita salvadorenha, enquanto celebrava uma missa. Romero sim que é e será um santo. O arcebispo enfrentou os militares para pedir-lhes que não assassinassem seu povo, percorreu bairros, zonas castigadas pela repressão e pela violência, defendeu os direitos humanos e os pobres. Em resumo, não esperou que Bergoglio chegasse a Roma para falar de “uma Igreja pobre para os pobres”. Não. Ele a encarnou em sua figura e pagou com sua vida, como tantos outros padres aos quais o Vaticano taxava de marxistas ou comunistas só porque se envolviam em causas sociais.



João Paulo II é um santo impostor que traiu a América Latina e aqueles que, a partir de uma igreja modesta, ousaram dizer não aos assassinos de seus povos. Se, no leste europeu, João Paulo II contribuiu para a queda do bloco comunista, na América Latina favoreceu a queda da democracia e a permanência nefasta de ditaduras e sua ideologia apocalíptica. Um detalhe atroz se soma à já incontável dívida que o Vaticano tem com a justiça e a verdade: o expediente de beatificação de Óscar Romero segue bloqueado nos meandros políticos da Santa Sé. João Paulo II beatificou Josemaría Escrivá, o polêmico fundador da Opus Dei e um de seus protegidos. Mas deixou Romero de fora, inclusive quando estava com sua vida ameaçada. “Cada vez mais sou um pastor de um país de cadáveres”, costumava dizer Romero.



João Paulo II foi eleito em 1978. No ano seguinte, Monsenhor Romero entregou a ele um informe sobre a espantosa violação dos Direitos Humanos em El Salvador. O papa ignorou o informe e recomendou a Romero que trabalhasse “mais estreitamente com o governo”. Como lembrou à Carta Maior Giacomo Galeazzi, vaticanista de La Stampa e autor de uma magistral investigação, “Wojtyla Secreto”, em “seus 25 anos de pontificado nenhum bispo latinoamericanao ligado à ação social ou à Teologia da Libertação foi nomeado cardeal por João Paulo II”. A resposta está em uma frase de outro dos mais dignos representantes da “Igreja dos Pobres”, o falecido arcebispo brasileiro Hélder Câmara. “Quando alimentei os pobres me chamaram de santo; mas quando perguntei por que há gente pobre me chamaram de comunista”.



O show universal da canonização já foi lançado. A imprensa branca da Europa tem a memória muito curta e sua cultura do outro é estreita como um corredor de hospital. Todos celebram o grande papa. Ela promoveu à categoria de santo um homem que tem as mãos sujas, que cometeu a infâmia de encobrir violadores de crianças, de beijar ditadores e legitimar com isso o rastro de mortos que deixavam pelo caminho, de negociar benefícios para a máfia, que sacrificou em nome dos interesses de uma parte da Europa a misericórdia e a justiça de outros, entre eles os da América Latina. Estão canonizando um trapaceiro. O cúmulo da esperteza, do erro imemorial.
Em que altar se ajoelharão as vítimas dos abusadores sexuais e das ditaduras? Podemos levantar todos juntos um lugar aprazível e justo na memória com as imagens do padre Múgica ou do Monsenhor Romero para nos reencontrarmos com a beatitude o sentido de quem, por um ideal de justiça e igualdade, enfrentou a morte sem pensar nunca em si mesmo, ou em baixas vantagens humanas. Créditos Carta Maior.

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15 de nov. de 2013

"O padre deve estar nas redes sociais", afirma novo Arcebisto de Porto Alegre. Dom Jaime é contra a divisão da arquidiocese em vicariatos, tese que é marca de seu antecessor.. Até a Igreja Católica busca se abrir ao mundo!

O franciscano (mesmo subgrupo do Papa Francisco) Jaime Spengler assume na manhã desta sexta-feira a função de arcebispo de Porto Alegre com uma prioridade bem definida: a renovação!
Tal medida inclui ainda informatizar a arquidiocese, para liberar os padres do trabalho burocrático, e incentivar os sacerdotes a ingressar no mundo do Facebook e do Twitter, como forma de eles se aproximarem do rebanho. Confira a entrevista de Zero Hora

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