Rio de Janeiro, 4 out (Xinhua) -- O governo brasileiro, que preside temporariamente o G20, afirmou hoje que os países que compõem o bloco têm a responsabilidade de liderar a resposta à emergência climática e outras crises ambientais, como a perda de biodiversidade , a desertificação e o aumento da poluição.
Em reunião ministerial do Grupo de Trabalho sobre Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20, no Rio de Janeiro, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou a importância do bloco, formado pelas 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana , na luta contra as alterações climáticas.
"Os países do G20 têm uma grande responsabilidade e a oportunidade de fazer a diferença. Juntos, representam mais de 80% do Produto Interno Bruto mundial, 80% da população mundial, bem como aproximadamente 80% das emissões globais de gases com efeito de estufa. Por isso devemos ajudar a liderar o combate à crise climática, além das demais crises ambientais em curso”, declarou Marina Silva.
A reunião desta quinta-feira foi precedida de discussão de técnicas que aconteceram na terça e na quarta-feira, orientadas para quatro temas: adaptação às alterações climáticas, oceanos, pagamento por serviços ambientais e economia circular e resíduos sólidos.
Além de uma declaração ministerial, o Grupo de Trabalho, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Itamaraty, preparará quatro cadernos técnicos focados nos temas propostos.
Os documentos pretendem servir de base aos chefes de governo do G20, que serão reunidos no Rio em novembro, e esclarecem o debate internacional sobre questões relacionadas com a sustentabilidade ambiental e climática.
Marina Silva enfatizou a necessidade de uma ação urgente e coletiva para combater as alterações climáticas e a manipulação ambiental, que já se fazem sentir em todo o mundo.
"Em 2024, o Brasil passou por uma enchente histórica na região Sul, que afetou diretamente 2,1 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, nas demais regiões do nosso país enfrentamos a situação oposta de uma seca intensa que afeta a nossa produção agrícola e coloca em alerta o nosso sistema de produção de energia hidrelétrica. Nos biomas da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal, uma seca sem precedentes está isolando comunidades e cidades e provocando incêndios de enormes proporções", alertou.
O grupo de trabalho selecionado com recomendações políticas para enfrentar vários desafios relacionados com os eixos propostos, sublinhou a ministra. Entre eles, o grupo discutiu as respostas aos impactos das alterações climáticas, que afetam desproporcionalmente às populações mais vulneráveis.
“Propusemos como a abordagem à emergência climática pode ser integrada nas estratégias de desenvolvimento e financiamento, tanto públicas como privadas. Definimos estratégias para apoiar políticas nacionais de adaptação e transição justa”, declarou Marina Silva.
Os países apoiaram a integração de ações baseadas nos oceanos, nas metas climáticas e nos seus planos nacionais de adaptação e mitigação, disse Silva, e defenderam a ratificação e implementação do Acordo sobre a Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Marinha, aprovado em 2023.
No que diz respeito ao pagamento por serviços ambientais, o Grupo de Trabalho liderou o potencial de preservação e valorização dos serviços ecossistêmicos e a importância da mobilização de recursos públicos e privados. Também destacaram o papel dos povos indígenas e das comunidades tradicionais na proteção dos ecossistemas.
"Na área de resíduos sólidos e economia circular, discutimos como melhorar o desenho e a implementação de políticas específicas para promover mulheres, catadores, povos indígenas e comunidades tradicionais. Reafirmamos a importância da criação de empregos de qualidade, da redução da geração de resíduos e da perda de alimentos, promovendo a transição para um modelo econômico mais justo, resiliente e sustentável", afirmou o ministro brasileiro.
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