DOS JORNAIS DE HOJE: As capas dos jornais apontam para temas variados: a Folha aborda a polêmica no STF sobre a soltura de um dos líderes do PCC; o Globo destaca que a onda de calor leva prejuízos para a economia e o Estadão chama atenção para a queda na inadimplência no Brasil, mesmo no período de crise. Essa variedade de pauta nas capas é sinal de que não existe no país um grande acontecimento que concentre todas as atenções. É o que mostra o comportamento dos jornais observado em 1.076 edições desta análise de mídia. Essa falta de alguma emergência nacional não é apenas em função do feriado ou da segunda-feira (dias em que os jornais costumam estar mais vazios). A “calmaria” pode ser sintoma do apoio do mercado financeiro ao governo federal mesmo diante de todo o caos. O Estadão publica reportagem sobre esse apoio e ainda avisa que nem a queda de Paulo Guedes é vista como um problema. Além disso, pode-se listar entre os sinais o sumiço das notícias sobre o Pantanal ou mesmo sobre a pressão de empresários pelo fim do desmatamento. Jair Bolsonaro talvez tenha perdido a sua rede de comunicação, mas parece estar ganhando não o apoio das grandes empresas de comunicação, mas o silêncio destas – o que já é muita coisa. É importante lembrar que a maior preocupação da imprensa comercial é com a agenda econômica e as linhas editoriais estão ligadas aos interesses financeiros dos ricos. A falta de pluralidade de discursos nos jornais tem conexão direta com as linhas editoriais. A Folha, que se autodeclara plural, não abre espaço para a esquerda. E não se trata de uma ou outra coluna fixa, mas das fontes que são consultadas pelas reportagens. Fora o fato de o jornal, costumeiramente, tentar apontar “fragilidades” e inconsistências desses grupos políticos. Até a pluralidade de ideias entre os partidos à esquerda é alvo de críticas. A Folha de hoje é um bom exemplo do que está sendo descrito nesse texto. Já o Globo ignora a esquerda quase que completamente. O Estadão – que é um dos mais conservadores – pratica um “pouquinho” a cultura de “ouvir o outro lado” nas reporta. Créditos Fundação Perseu Abramo |
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