O VELHO BORZEGA Meu borzega esfolado, dos tempos da mocidade, de sola gasta em paradas, nas alvoradas sem fim. Biqueira empinada, bonita, como cavalo de chefe, talão comido de um lado, de tanto se apresentar. Quando te vejo acabado, envelhecido de usar, não sei porque me entristeço, e quase me ponho a chorar. O salto que era tão forte, a cor preta traquejada, não tem mais aquele garbo do praça rijo que fui. Te recordo meu borzega! Como se fosse meu corpo, batendo no chão com cadência pros outra entusiasmar. Velho borzega estropiado de tanto serviço e instrução, refletes o viver do soldado com toda recordação. Hoje ao te ver empoeirado, no canto do meu porão, não posso impedir, baixo os olhos e me ponho a recordar. Quando te recebi na reserva, duro como instrutor, eras como a nossa mocidade, que parece não se acabar. E agora velho borzega? Que volto a te contemplar, percebo, não és bem de couro como ...