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Quais os ganhos e as perdas para o Brasil na reaproximação entre Cuba e os EUA

Laços com o governo cubano têm força para impulsionar vendas brasileiras, mas os Estados Unidos podem ocupar mercado pela proximidade.

Quais os ganhos e as perdas para o Brasil na reaproximação entre Cuba e os EUA Tadeu Vilani/Agencia RBS
Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS
Parceiro comercial de Cuba e Estados Unidos, o Brasil deve ter ganhos e perdas com a aproximação entre os dois países. Os laços com o governo Raúl Castro colocam os brasileiros em uma posição privilegiada, largando na frente para concretizar negócios em um país carente de investimentos.
Mas a entrada em cena de uma economia de porte dos EUA pode tirar espaço dos produtos do Brasil na ilha.
Mercadorias agrícolas devem sofrer os impactos mais negativos. Apesar de o embargo americano não abarcar alimentos, uma série de regras e limitações dificultava a importação desse tipo de produto. A ilha é hoje o quarto maior importador de arroz do Brasil, respondendo por quase 10% das vendas.
— O preço do arroz americano, de qualidade similar ao brasileiro, é cerca de US$ 50 menor por tonelada. E o frete médio dos EUA para Cuba é mais de 60% inferior ao do Brasil para a ilha — afirma o analista em agronegócio Carlos Cogo.
As empresas brasileiras instaladas em Cuba podem ganhar com o fim do isolamento econômico do país caribenho. A gaúcha Piccadilly está lá desde o fim do ano passado.

– É um ótimo mercado para nós. Essa aproximação deve estimular o turismo e, claro, os negócios. Serão mais pessoas comprando nossos sapatos – comemora Micheline Grings Twigger, diretora de exportação da Piccadilly, que projeta a abertura de pelo menos mais uma loja em Havana em 2015.
Empresas brasileiras também devem ter vantagens para se instalar na área de desenvolvimento especial de Cuba, uma zona franca para a qual o governo pretende atrair indústrias estrangeiras por meio de incentivos. No local, vigora um sistema diferente do restante da ilha, onde empresas têm poucas restrições para contratar, contam com isenções e não são obrigadas a se associar com estatais.


Porto tende a acelerar comércio
Se há o temor de que a venda de produtos brasileiros para Cuba possa diminuir após a retomada das relações diplomáticas com os Estados Unidos, a participação na construção do porto de Mariel tende a trazer vantagens para o Brasil. Há chances de aumentar a exportação de produtos para outros locais no Caribe e até para os EUA.
O controverso porto, construído pela Odebrecht com US$ 800 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é um entreposto estratégico no Caribe, mas, por causa do embargo econômico determinado por Washington, não teve até agora o seu potencial plenamente aproveitado. Produtos agrícolas brasileiros que iam para os EUA não podiam aportar em Mariel porque uma regra imposta definia que todo navio que passe por portos cubanos tem de esperar seis meses até poder atracar nos EUA. De grande profundidade, o terminal pode receber navios gigantes, capacidade que poucos portos da região têm, inclusive na costa americana.
Terminal tem grande área para contêineres
Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Universidade Estadual de São Paulo, ressalta que a localização é estratégica na medida em que boa parte do comércio da Ásia para a costa leste dos EUA passa pelo canal do Panamá.
– Cuba tem um mercado interno reduzido, é um país pequeno. Mas Mariel tem grande envergadura, pode abrigar grande quantidade de contêineres – avalia.
Economista cubano radicado há 17 anos no Brasil, Lazaro Camilo Recompensa Joseph comemora a reaproximação dos países e ressalta que o Brasil tem muito a celebrar:
– Cerca de 300 empresas brasileiras têm participação na economia cubana e essa parceria será levada em conta para obras futuras.
O analista Carlos Cogo não vê qualquer vantagem na participação brasileira na construção do porto.
– As operações estão a cargo da companhia PSA, de Cingapura. É um bom porto, que será muito bem utilizado pelos americanos – afirma.
*Colaborou Louise Bragado. Créditos ZH

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