Artigo de Opinião - Tempos de guerra e tempos de paz - por Mauro Nadvorny
Artigo de Opinião
Foram duas semanas de guerra. Entradas e saídas do quarto seguro dia e noite. Todos se sentindo como zumbis, devendo horas de sono. E não é apenas poder dormir, é poder ter um descanso. Finalmente acabou.
A volta ao dia a dia não é tão simples. Nem todo mundo acredita que o Irã vai respeitar o cessar-fogo. Nem todo mundo consegue sair de casa depois do sufoco que passaram. Nem todo mundo tem casa para voltar. Existem milhares de desabrigados espalhados pelas cidades atingidas vivendo em hotéis disponibilizados pelas prefeituras. Alguns sem lenço e sem documento, somente com a roupa do corpo. Tudo foi perdido na explosão do míssil balístico, mas as vidas foram preservadas.
Alguns dos prédios atingidos vão poder ser reformados, outros estão condenados e terão de ser demolidos. Até que sejam reconstruídos, a vida será em um quarto de hotel ou em casas alugadas.
Com esta guerra concluída, nos voltamos para a guerra remanescente em Gaza que se aproxima de dois anos. Se nos minutos finais antes do cessar-fogo, um míssil matou 4 pessoas, ontem à noite, uma bomba plantada pelo Hamas matou 7 soldados.
É preciso terminar com a operação em Gaza que não se justifica mais. Claro que mediante um acordo que traga de volta nossos reféns e não permita ao Hamas voltar a governar o território. Este é o único fim possível e que deve ser implementado o quanto antes. Precisamos voltar a viver em paz.
Nós brasileiros não temos este tipo de violência (guerras)no Brasil, temos outra que na minha opinião, é bem pior. Enquanto aqui com 530 mísseis balísticos disparados morreram cerca de 30 pessoas, no Brasil morrem por dia 106 (dados de 2024) pessoas vítimas da violência. Durante os 12 dias da guerra aqui em Israel morreram no Brasil cerca de 1270 pessoas.
Foi um período estressante, mas as coisas funcionaram. Sempre fomos avisados de que mísseis estavam a caminho com antecedência. Permanecemos no quarto seguro até chegar o aviso de liberação, tudo pelo celular. Nos locais atingidos a ajuda chegou em menos de 5 minutos. Vidas puderam serem salvas por conta deste pronto atendimento coordenado de ambulâncias, bombeiros, resgatistas e polícia.
Durante todos estes dias, locais de venda de comida e farmácias permaneceram abertos. A maioria das famílias permaneceram próximos de casa e saindo nos intervalos entre uma e outra onda de mísseis.
Nada disso foi agradável, e eu procurei escrever algumas mensagens na minha página do Facebook para dar uma noção aos amigos de como as coisas estavam acontecendo.
Moro entre Tel Aviv e Haifa, quase que na metade do caminho e aqui na minha cidade não fomos atingidos. Próximo de nós sim.
É preciso ressaltar que o Irã jogou seus mísseis nas nossas cidades para matar civis, não contra objetivos militares, ou alvos que podem ser assim considerados.
Neste 12 dias, nossa Força Aérea trabalhou dia e noite a uma distância entre 1500 e 2000 km de casa, 24 horas por dia. Nenhum avião foi abatido, todos os pilotos voltaram para casa. Esta é mais uma façanha israelense.
Tiramos de nossos ombros uma ameaça vital. O Irã prometia acabar conosco há muitos anos. Espalharam seus tentáculos por todo Oriente Médio com proxis que lhes são leais. O que faltou, mas espero que a semente tenha sido plantada, foi derrubar o regime teocrático dos Aiatolás. Tomara o povo iraniano se levante e derrube esta ditadura.
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