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DE VOLTA À INQUISIÇÃO? CASO DE PERSEGUIÇÃO A PROFESSORA E ALUNAS NA FACED/UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Foto retirada de uma rede social

A professora Bernadete Beserra, doutora em antropologia pela Universidade da Califórnia (EUA) e pesquisadora internacionalmente respeitada, publicou em parceria com Leiry Kelly Oliveira e Carolina Santos, alunas do Curso de Pedagogia e bolsistas do Programa de Educação Tutorial - PET/UFC, o artigo intitulado “Entre o populismo docente e o dom da fala discente: problemas do ensino básico que sobrevivem à formação superior em Pedagogia” (acessível em http://goo.gl/7c9vOj).
Publicado na Revista Dialectus (Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira), o artigo passou pela revisão dos pares, processo comum e exigido das publicações acadêmicas. No entanto, para a surpresa de todos, no dia 26 de outubro de 2015, o Conselho Departamental da Faculdade de Educação, em resposta a uma “denúncia anônima” no Conselho de Ética da UFC, segundo a qual o artigo “difamaria” aquela unidade acadêmica, aprovou uma comissão de sindicância para apurar ser ou não o artigo “difamatório” e “antiético”.
Que o artigo seja contestado do ponto de vista teórico ou dos resultados é completamente normal, fazendo parte do processo de produção do conhecimento acadêmico. O que não podemos aceitar é que pesquisadores tenham que responder a processos administrativos (sindicância) justamente por realizar o trabalho que deles se espera: a publicação dos resultados de suas investigações acadêmicas!
Por que a universidade, que estuda outras instituições, não pode ser pesquisada? Por que tentar proibir pesquisadores de apresentar os resultados de suas pesquisas? Seria a pesquisa social um instrumento exclusivo dos grupos que controlam o poder? Devem seus resultados ser adulterados para o benefício dos gestores? Essas indagações nos remetem, inevitavelmente, às sombrias páginas da inquisição e aos porões de todos os regimes totalitários da história. Sendo inclusive, ironicamente, um dos casos mais emblemáticos desse tipo de perseguição a sofrida por Paulo Freire, patrono da educação nacional, cujos estudos rumo a uma educação para a liberdade foram brutalmente interrompidos pelo regime militar instaurado em nosso país em 1964.
Como alunos, esperamos que os gestores da universidade se deem conta dos prejuízos, individuais e coletivos, de atitudes obscurantistas como esta: processos administrativos semelhantes a pequenos tribunais fascistas de punição aos “inimigos do regime”! Insistimos: a situação não diz respeito apenas às autoras do artigo, mas a todos nós, pesquisadores e interessados na pesquisa social! Esperamos, portanto, que não apenas os gestores da FACED voltem atrás em suas decisões autoritárias em relação às autoras, mas também a reitoria da UFC se pronuncie em relação à situação. Realizando, na prática, o que repetem no discurso: a universidade é um espaço livre de produção de conhecimento... (Comentários do ten Anderson Duarte - PMCE)

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