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A cobertura do Caso HSBC na grandemídia tem sido pífia e absolutamentevergonhosa, diz o deputado federal Pimenta (PT-RS)

Arquivo/Câmara
Deputado Paulo Pimenta. Foto PTSul
Em entrevista ao PTSul, nesta quinta-feira (26), o deputado federal Paulo Pimenta (PT) fala sobre o Caso HSBC e o andamento do pedido de investigação do esquema, que o parlamentar solicitou ao Ministério da Justiça e à Procuradoria-Geral da República.

O caso veio à tona graças ao vazamento de informações promovido por um ex-funcionário do HSBC em Genebra, Herve Falciani, que entregou os dados sobre milhares de contas sigilosas do banco ao jornal francês Le Monde e ao Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês). Os documentos revelam que o HSBC envolveu nesse esquema mais de 106 mil clientes – inclusive grupos suspeitos por tráfico de drogas e terrorismo – em 203 países entre 1988 e 2007. Confira a entrevista.

PT Sul - Como foi recebido o seu pedido de investigação? Tens recebido apoio dos colegas deputados e bancadas de outros partidos?

Pimenta - Temos tido respostas positivas das autoridades, mesmo que as investigações estejam ainda em um estágio muito inicial aqui no Brasil. Lembro que no dia 18 formalizei na Procuradoria-Geral da República [PGR] pedido de abertura investigação e, dois dias depois, a PGR se manifestou afirmando que abriria investigação. Com relação ao PT, tenho tido todo o apoio e suporte da nossa bancada para enfrentar esse escândalo do HSBC.

PT Sul - De que forma as pessoas comuns podem acompanhar o andamento do seu pedido?

Pimenta - Elas podem continuar acompanhando nosso trabalho e nossas ações a respeito desse caso, através das nossas redes sociais e do site oficial do mandato. Essa semana estivemos na Receita Federal reforçando nosso pedido às autoridades brasileiras de investigação com relação a esse processo.

PT Sul - Na sua opinião, porque a mídia não está divulgando os nomes dos envolvidos e/ou o caso todo?

Pimenta - No Brasil, apenas um jornalista possui os dados. E esse jornalista vaza os nomes de forma seletiva, os motivos para isso ninguém compreende. Todos estão cobrando desse jornalista a lista completa, e é inacreditável o que ele está fazendo. A cobertura desse episódio na grande mídia até o momento tem sido pífia e absolutamente vergonhosa. Os veículos, colunistas, articulistas e comentaristas de TV, rádio, imprensa e portais estão visivelmente constrangidos e sem saber como tratar a questão, que certamente envolve muitos personagens que historicamente são blindados politicamente. Isso é comprovado pelo silêncio retumbante em relação ao ex-assessor graúdo [Saul Sabbá] do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que atuou diretamente no processo da privataria tucana, cujo nome já apareceu como um dos titulares das contas na Suíça, mas sequer foi mencionado por qualquer grande veículo. Imagine se fosse um ex-assessor do presidente Lula ou se fosse um militante petista qualquer. Com toda certeza a grande mídia forjaria um escândalo de proporções gigantescas.

PT Sul - Existem provas de que o banco HSBC foi conivente com irregularidades? Brasileiros que têm uma conta neste banco devem se preocupar?

Pimenta - Na Argentina e nos Estados Unidos, por exemplo, há processos das autoridades governamentais contra o HSBC. Aqui no Brasil não há, ainda, por parte das autoridades fatos que comprovem a ação do HSBC no sentido de fornecer facilidades aos clientes.

PT Sul - No que este escândalo interfere na vida do brasileiro?

Pimenta - Só para termos uma ideia, o valor dos depósitos brasileiros nessas contas do HSBC na Suíça chegam a R$ 20 bilhões que possivelmente foram sonegados e evadidos e isso prejudica a nossa economia e a vida das pessoas. Para termos uma noção de comparação, o orçamento inteiro do programa Bolsa Família para 2015, que beneficiará diretamente cerca de 50 milhões de pessoas, é de R$ 26 bilhões. E neste caso estamos falando de 8.867 pessoas no Brasil envolvidas no esquema. Por outro lado, é uma boa oportunidade para voltarmos a discutir a taxação das grandes fortunas e das heranças no Brasil, proposta defendida há décadas pelo PT no Congresso, mas que não consegue avançar nem um milímetro por conta da hegemonia conservadora na sociedade e no Parlamento.

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