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Jovem palestina, que casou com gaúcho e mora há um ano no Brasil, experimentou seu primeiro banho de mar


Jovem palestina, que casou com gaúcho e mora há um ano no Brasil, experimentou seu primeiro banho de mar Bruno Alencastro/Agencia RBS
Só agora, aos 20 anos, Hanan curtiu as ondas baterem em seus pés, ao lado do marido Muhamad, que ela conheceu quando o jovem foi morar na Palestina para aprender árabeFoto: Bruno Alencastro / Agencia RBS

As águas verdes, calmas e quentes que encantam veranistas e moradores de Torres há mais de um mês encorajaram a jovem palestina Hanan Hamed a encarar seu primeiro banho de mar em 20 anos de vida. Com o jeito precavido de quem tateia o desconhecido, a estreante sorri satisfeita com a experiência, enquanto sente as ondas baterem em seus pés.
Há cerca de um ano, ela se mudou para o Brasil para viver com seu marido, o canoense Muhamad Hamad, 19 anos. Os dois se conheceram um pouco antes do casamento, quando o gaúcho foi morar na Palestina para aprender árabe.
Vizinho da casa onde Hanan morava com mais 10 irmãos, ele se apaixonou pelo olhar dela, única parte do corpo que os costumes da cultura muçulmana permitem mostrar, além dos pés e das mãos.
_ Foi amor à primeira vista _ admite o rapaz.
Filho de palestino e brasileira, o gaúcho já conhecia as tradições quando se interessou pela garota. Por isso, tratou logo de negociar o casamento. Chamou o pai e o avô para dialogar com a família de Hanan.
O pedido foi feito nos Estados Unidos. Depois de aceito, os dois festejaram por três dias. Logo após, vieram de mudança para o Brasil. Moram em Canoas e foram a Torres passar uns dias, no hotel do avô de Muhamad.
Expressivos, negros e pintados com delineador, nem mesmo os olhos que fisgaram o coração de Muhamad ficaram expostos no litoral gaúcho. A jovem usava óculos de sol. O corpo, Hanan manteve velado por trás de uma calça comprida, uma blusa de manga longa, maiô, canga e lenço na cabeça:
 _ Tive de improvisar uma roupa de banho, mas estou me sentindo confortável.
Acostumada com a burca desde os 13 anos, quando a menarca tornou Hanan "oficialmente mulher", a jovem lida bem com a diferença cultural e não se importa em ter de andar vestida assim. Aceita bem a cultura em que foi criada e entende a forma como as brasileiras vão à praia.
_ Eu não julgo, respeito a individualidade e a liberdade de cada um _ afirma.
Mesmo que seu primeiro banho tenha sido apenas no rasinho, sem mergulhar, ela não reclama do calor de mais de 30°C. No verão de seu país, as temperaturas costumam ser mais altas. Hanan nunca pensou que moraria no Brasil. Veio para cá para ser mulher de Muhamad e está satisfeita com a perspectiva.
Após terminar o colégio, não ingressou na faculdade nem procurou emprego. A ausência de carreira não é motivo de frustração. Por enquanto, ela gosta da ideia de ter bastante tempo para dedicar ao marido. Há sete anos vestindo-se assim, Hanan comenta que Muhamad é o único homem que já viu seu corpo. E isso só ocorreu após o casamento.
Por estar em um país onde a intimidade é socialmente consentida antes mesmo do matrimônio, pergunto a Hanan se ela não se choca com os comportamentos vistos por aqui. Sua resposta demonstra maturidade intercultural:
_ Quase nada me choca. Acho que as mulheres são livres e fazem o que julgam que é certo. A única coisa que estranho é quando bebem demais _ admite.
A doçura e a tranquilidade da jovem se misturam com um quê de timidez quando, a cada pergunta, ela se remete ao marido em árabe antes de dar a resposta em inglês. Quando foi abordada para a entrevista, praticamente se escondeu atrás do companheiro. Mas, aos poucos, conforme a conversa evoluiu, ganhou confiança e aceitou mostrar sem filtros o que a sua cultura permite: a simpatia. Créditos Zero Hora.

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